sexta-feira, 19 de março de 2010

no cabeleireiro


o rapaz brasileiro tem voz meiga , braços compridos, mãos ágeis. e certamente não uiva em estádios de futebol. naquela fábrica de "arranjar mulheres" são cada vez mais os cabeleireiros masculinos brasileiros. hoje percebi porquê. não é só o cabelo e a unha, é a auto-estima que é preciso compor, e, nessa área, são mestres aqueles rapazes bonitos que nos rodeiam a cintura com delicadeza para retirar o papelote com o pedido e nos mostram no meio de um cabelo espigado a mais afrodisiaca das formas. Não fui apenas cortar o cabelo, fui assistir a uma aula de como ser amorável. aula ao vivo e sem matéria teórica. poderia ter saído dali arranjadinha como uma jarra de sala num domingo de festa, mas preferi limitar-me ao corte de cabelo, com secagem rápida, um pacote junkie. ricardo, assim se chamava o rapaz, explicou-me as possibilidades, dada a presente circunstância, (reduzidas). competia-me a decisão, ora, muito correcto, mas hesitei, veio-me a saudade da minha antiga cabeleireira que começava na tesoura e acabava no secador sem me perguntar nada. para que serve a liberdade de escolha se nem sei o que quero? prefiro que ouse tomar a iniciativa, logo se vê, disse. para abreviar, foi rápido e brilhante, saí do cabeleireiro como o católico do confessionário, não era só o cabelo, era a alma lavada e...com amaciador.

9 comentários:

b disse...

Pensar em ir ao cabeleireiro e já começa o ritual no pensamento.
E concordo sim - com os "moços" a gente sai com a autoestima melhorada.
Mulher é fogo! Minha cabeleireira cisma que tenho que ficar loira porque ela é loira e porque mulheres da minha idade rejuvenescem - se loiras forem.
Não gosto, não tem a ver comigo.
Insisto em um tom parecido com o que era natural meu. (Frescura também de manter o biotipo como se o mesmo não tivesse mudado tanto com os (des)hormônios menopáusicos.
Ela também quer que eu use o cabelo curtíssimo - até gosto muito mas vivo numa cidade fria enfim, as cabeleireiras são donas e os cabeleireiros são estereótipos de admiradores - mesmo que nunca tenham nos visto.
Obrigada.

R. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
R. disse...

Divertido e "reparador" este "post", sobretudo depois de (mais) um dia (ou melhor, vários, demasiados) intensivo. É bom quando uma ida ao cabeleireiro nos desbasta o excesso de cabelo e de outras moléstias :) Curiosamente tive uma experiência semelhante há bem pouco tempo. O cabeleireiro, menos falador, também era homem e também acertou em cheio. Vai-se a ver são como os "chefs" de cozinha. Estão em minoria mas são muito bons! Votos de um excelente fim-de-semana que "corte" a gripe "pela raiz" :)

PS: Assim sim, sem a "língua de trapos" do cansaço.

CCF disse...

Para a próxima tem que arriscar:) È só cabelo, volta a crescer.
~CC~

g disse...

É um ritual em que conta muita a confiança em quem o faz. Pela tua descrição quase que pensei que era o meu.

Ana Paula Sena disse...

:)))

É verdade, via! Estes rapazes brasileiros, só com os seus gestos "dengosos", já tratam do nosso cabelo.

Olha, por coincidência, dei cá um desbaste no cabelo! Tomei a iniciativa, deu-me para ali...

Beijinhos e bom domingo.

via disse...

b: frio no brasil? custa a crer, será uma aragem, talvez.outro dia numa acção de formação para professores eram umas 10 mulheres na casa dos quarenta e tais e todas louras...vamos dando trabalho ao pessoal da madeixa! bem-vinda!

R:sim, depois de um dia cansativo, as palavras saem baralhadas e nem sempre à medida do nosso desejo, estas letrinhas tão pequeninas, lemo-las mais para dentro mas depois o que está escrito parece não corresponder ao que pensámos.
bom domingo e bom descanso.

CCF: Tenho? ainda não viu o que arrisquei, foi bastante, asseguro-lhe!

g: por isso é que gostamos de repetir com a mesma pessoa, quando sai bem, claro.

ana paula sena: bem vinda ao clube dos novos ares! não há nada como um desbate para iniciar a estação.bjo, bom domingo
bom descanso

via disse...

errata: desbaste e não desbate.

Rui disse...

Durante uma temporada aconteceu-me o mesmo: o sítio onde ia desbastar a guedelha foi invadido por miúdas do Brasil. Mas a minha experiência foi inferior à tua: entravam no corte mudas e saiam dele caladas. A experiência delas também era inferior: fartei-me da tesourada a despropósito e mudei de ares.


(isto já me deu uma ideia)