quarta-feira, 19 de outubro de 2011

particularidades

fala-se muito e obsessivamente sobre o mesmo, mas poderia eu dizer, a curva de um ombro, uma perna.

o efeito ralo, um sorvedouro por onde se esgota o pensamento, passa, mas poderíamos dizer o fresco da tarde, a lonjura vaga de uma manhã.

o mar aos dias ímpares estaria certo, mas diria as vagas uma ou outra salpicando, os mais belos e afortunados ancorarão a esperança no abraço, no riso, o pão da proximidade corajosa, um e outro ou mundo inteiro para conquistar, seria irrisório afirmar peremptoriamente: mundo inteiro e fugazes sequências lunares na verticalidade do caminho, quando nos inclinamos para beijar.




Quadro: Hermann Seeger

4 comentários:

cs disse...

e na eternidade de um beijo existe sempre a ideia de fugacidade.
Gostei muito deste texto :)

Alberto Oliveira disse...

... depois do que disseste tão poeticamente resta-me dizer que sim; os horizontes da humanidade não são nada complexos. É preciso apenas olhá-los com óculos de ver. Ao perto.

R. disse...

É tão-só uma questão de perspectiva. E, ainda assim, as possibilidades serão quase infinitas.

via disse...

cs: Obrigada, verdade, a eternidade pode experimentar-se em momentos fugazes, nos beijos, certamente.

legivel:são complexos sim, as palavras não os esgotam, embora tentem.

R: São mesmo infinitas.