sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

hoje, quinta feira, foi o teatro que ganhou mas não se fique a rir porque haverá muitos dias em que quem ganha é o diabo, o do rabo enroscado. mas hoje não, ainda sinto crepitar, exangue, lembras-te? aquela velha sensação, já quase esquecida de pânico e prazer, voltou de novo como uma velha mendiga, ou um anjo devorador. descubro que os sentimentos verdadeiros vêm sempre agarrados a um oceano de perda, um mergulhar, sinto-o nitidamente, esse perder o pé da consciência e deixar-se ir, cada vez mais fundo. sei que sou boa nisso, toda a gente me diz que fui e sou uma boa actriz e não sabem o que custa ser, mas o quanto é verdadeiramente libertador. Absoluto, mesmo pequeno. a gritaria das gentes com convicções abala-me e confunde, porque será que toda a gente tem tantas convicções? num momento se esvai, encontro depois o que abandonei e não me abandonou, persegue-me, são esses penso, os verdadeiros amores.

3 comentários:

Anônimo disse...

viva ao teatro! posso estar errada, mas as pessoas que por vezes mais gostam de teatro são as que outras vezes também menos gostam de "actuar" na vida real. sem dúvida, o teatro despolta paixões quase eternas. até

Ana Paula Sena disse...

Parabéns e vivas ao teatro e a quem lhe entrega dedicação!

Gostei muito de conhecer este blogue. Muito bom!

Voltarei. Gostei das leituras que fiz :)

via disse...

comsentido: é verdade, no meu caso, gosto de teatro, mas é um gostar ódio, não linear. Quanto ao resto não o levo para a vida, é uma arte, uma criação que requer o seu dispositivo próprio, a sala onde acontece, num ritual profundamente delineado.

Ana Paula: Obrigada, bem vinda a este espaço!