domingo, 24 de janeiro de 2010

empatia

estou preguiçosa para a escrita e deixo aqui o espaço sem cultivo, a crescer em erva daninha. vou plantar aqui umas ideias se não me der antes para a parvoíce porque quando vem o sol, segurem-me porque a vontade de me atirar para cima da areia a fixar o céu e esquecer as montanhas de papelada para organizar e tarefas e funções e fazeres é incontrolável. mas há fazeres e fazeres, são importantes os fazeres mas não mais importantes que os seres e os sentires, baixo a guarda à eficiência, com o sol permito que me apelidem de adoradora, adoradora do sol e daí à negligência vai um pulinho distraído. chamo-lhe empatia, nasci com uma dose superior de empatia, não é coisa de empata é mesmo a virtude de me transformar por mor da circunstância ou da pessoa, da ambiência ou da energia, como queiram, sorvo e incorporo num movimento além da consciência. não sei bem se é virtude ou defeito será o que quiserem mas é certamente aptidão para compreender intuitivamente sem ser preciso o esforço mental. sendo assim o ser dotado de empatia terá facilidade em colocar-se no lugar do outro, em ser outro, em criar universos imaginários a partir de pequenas amostras de sentimento ou de acontecimento. entrar numa casa estranha e perceber imediatamente o que ali se passa, olhar para alguém e sentir se está alegre ou triste, questionador ou expectante. este pequeno dom dá-me confiança. é isso, confiança, concluo então não haver virtude ou defeito por si só, mas o excesso ou carência com que usamos a qualidade. gosto de pessoas com empatia, são-me familiares e de trato fácil, gosto do trato fácil, essa coisa de não se levar a sério, de perceber as costas e o rosto de tudo quanto se mexe e fala, porque na verdade o rosto na claridade revela a sombra das costas. revela sim então, deixemo-nos de fingimentos.

6 comentários:

R. disse...

Curiosamente, hoje mesmo alterei a frase do meu "gmail" para aquela que martelou a minha cabeça o dia inteiro: "try walking in my shoes"... Ele há coincidências curiosas! E, sim, concordo que a empatia pode ser útil e virtuosa, que é como quem diz: "walking in someone's shoes" :)

Unknown disse...

Okay: gostas de gostar.

Acho bem.
Parece-me uma excelente qualidade.

Não vejo mal absolutamente nenhum que se abandone uma tarefa já adiada -- A de organizar papelada -- para, honestamente, estirando o corpo na areia, oferceres-te a um banho, generoso e afavel, de sol.

Num clima de tanta amenidade, não aproveita estas oportunidades seria lamentavel.

Acho que -- Agora revelo um sentimento -- somos muito fotossintéticos. Não dispensamos a luz para re-elaborar o CO2 adquirindo e expelindo oxigénio...
Plantas...
Não!
Alegria, bem estar, etc.

(Vendo bem, o nabal está encharcado; convinha um solzinho para variar.)

Saudações

Rui disse...

A timidez é a nuvem carregada de água que impede o sol da empatia de brilhar. Chove que me farta.

~pi disse...

instinto intuição empatia

percepção sol luz

não pensar

ser antes,

estar,

tudo me vale mais que mil palavras

ou mil trabalhos

pensados es)forçados,

[ eu terei mesmo perdido o fio à

`essa` meada...







~

via disse...

R: é mais sentir que esforçar-se por, é uma coisa imediata.mas gosto da frase, embora nunca me passe pela cabeça que alguém se pusesse no meu lugar. engraçado,nunca tinha pensado nisso.

JPD: "gostava de gostar de gostar" diria o Pessoa.conjugo no presente, tens razão, a nossa particular forma de vegetar.Saudações.

Rui: essa imagem é claramente perceptível, também às vezes me chove, mas com sol olha seco rápido.

~pi: não terás, porque a poesia é um pouco isso, uma empatia a querer transformar-se em frase.

~pi disse...

belo...o que escreves sobre

o que seja poesia - se é

e se,,,

uma empatia a

frasear-se

a intuir-se

? a alunar-se,,,







~