estou preguiçosa para a escrita e deixo aqui o espaço sem cultivo, a crescer em erva daninha. vou plantar aqui umas ideias se não me der antes para a parvoíce porque quando vem o sol, segurem-me porque a vontade de me atirar para cima da areia a fixar o céu e esquecer as montanhas de papelada para organizar e tarefas e funções e fazeres é incontrolável. mas há fazeres e fazeres, são importantes os fazeres mas não mais importantes que os seres e os sentires, baixo a guarda à eficiência, com o sol permito que me apelidem de adoradora, adoradora do sol e daí à negligência vai um pulinho distraído. chamo-lhe empatia, nasci com uma dose superior de empatia, não é coisa de empata é mesmo a virtude de me transformar por mor da circunstância ou da pessoa, da ambiência ou da energia, como queiram, sorvo e incorporo num movimento além da consciência. não sei bem se é virtude ou defeito será o que quiserem mas é certamente aptidão para compreender intuitivamente sem ser preciso o esforço mental. sendo assim o ser dotado de empatia terá facilidade em colocar-se no lugar do outro, em ser outro, em criar universos imaginários a partir de pequenas amostras de sentimento ou de acontecimento. entrar numa casa estranha e perceber imediatamente o que ali se passa, olhar para alguém e sentir se está alegre ou triste, questionador ou expectante. este pequeno dom dá-me confiança. é isso, confiança, concluo então não haver virtude ou defeito por si só, mas o excesso ou carência com que usamos a qualidade. gosto de pessoas com empatia, são-me familiares e de trato fácil, gosto do trato fácil, essa coisa de não se levar a sério, de perceber as costas e o rosto de tudo quanto se mexe e fala, porque na verdade o rosto na claridade revela a sombra das costas. revela sim então, deixemo-nos de fingimentos.
6 comentários:
Curiosamente, hoje mesmo alterei a frase do meu "gmail" para aquela que martelou a minha cabeça o dia inteiro: "try walking in my shoes"... Ele há coincidências curiosas! E, sim, concordo que a empatia pode ser útil e virtuosa, que é como quem diz: "walking in someone's shoes" :)
Okay: gostas de gostar.
Acho bem.
Parece-me uma excelente qualidade.
Não vejo mal absolutamente nenhum que se abandone uma tarefa já adiada -- A de organizar papelada -- para, honestamente, estirando o corpo na areia, oferceres-te a um banho, generoso e afavel, de sol.
Num clima de tanta amenidade, não aproveita estas oportunidades seria lamentavel.
Acho que -- Agora revelo um sentimento -- somos muito fotossintéticos. Não dispensamos a luz para re-elaborar o CO2 adquirindo e expelindo oxigénio...
Plantas...
Não!
Alegria, bem estar, etc.
(Vendo bem, o nabal está encharcado; convinha um solzinho para variar.)
Saudações
A timidez é a nuvem carregada de água que impede o sol da empatia de brilhar. Chove que me farta.
instinto intuição empatia
percepção sol luz
não pensar
ser antes,
estar,
tudo me vale mais que mil palavras
ou mil trabalhos
pensados es)forçados,
[ eu terei mesmo perdido o fio à
`essa` meada...
~
R: é mais sentir que esforçar-se por, é uma coisa imediata.mas gosto da frase, embora nunca me passe pela cabeça que alguém se pusesse no meu lugar. engraçado,nunca tinha pensado nisso.
JPD: "gostava de gostar de gostar" diria o Pessoa.conjugo no presente, tens razão, a nossa particular forma de vegetar.Saudações.
Rui: essa imagem é claramente perceptível, também às vezes me chove, mas com sol olha seco rápido.
~pi: não terás, porque a poesia é um pouco isso, uma empatia a querer transformar-se em frase.
belo...o que escreves sobre
o que seja poesia - se é
e se,,,
uma empatia a
frasear-se
a intuir-se
? a alunar-se,,,
~
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