domingo, 31 de janeiro de 2010

trovas do vento que passa

procuro um ponto minúsculo, uma saliência na linha dos passos. estás de pé no meio do corredor. interrompes a ladaínha. és uma evidência mas ainda assim contornável, ainda assim contornável.percorro a linha até aí chegar , volto atrás, invento estratégias para depois entregar ao impulso, se não resultar espero. se não resultar esperar talvez resulte desesperar, se não houver só contrários, talvez um limbo ou uma amálgama um sítio concavo, uma raíz onde possa pernoitar apenas enquanto a lua incha e desincha penso no dia mas mal começo a pensar é já de noite. se não houvesse contrários então o pensamento propunha um divórcio litigioso à realidade, por isso o melhor é escrever, adiar, ou comprar bilhetes para o circo.

7 comentários:

R. disse...

"Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa."
(Manuel Alegre)

Eis o que este "post" me sugere :)

Ana Paula Sena disse...

Um texto deveras interessante!

Como é costume, gostei muito :)

Um abraço

Cassandra disse...

Ou trazemos o circo até casa. Para palhaços bastamos nós, minha amiga. Beijinhos. I'll be there no dia marcado. Sem falta.

via disse...

: era o Adriano C. Oliveira que cantava: "Pergunto ao vento que passa, notícias do meu país e o vento cala a desgraça, o vento nada me diz." claro que me lembrei!

Ana Paula Sena:brigada! bjos

Cassandra: pois sinto-me meia palhaço minha amiga. bjo

Carlos Pires disse...

E que tal pensar do modo que se segue?

Te Deum

Not because of victories
I sing,
having none,
but for the common sunshine,
the breeze,
the largess of the spring.

Not for victory
but for the day's work done
as well as I was able;
not for a seat upon the dais
but at the common table.

Charles Reznikoff

g disse...

Talvez encontrar a linha, desesperar não resolve.
Bj

via disse...

Carlos Pires: Bem-vindo!Boa forma de viver essa, um pouco estóica não? mas comungo.

g: a linha recta para parar de andar em círculos.
bjo