terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Através da água o eco de um som magnético, veio, enquanto me debruçava sobre o modo de passar as horas, à entrada da escuridão, à entrada da velha gruta onde Aladino ou seria Ali Baba? se escondeu para se revelar. Falo. falo sempre. e também falas. falamos. os gestos e o calor na noite. para além daquilo em que acreditamos há coisas terríveis, monstros e algas, fábulas e pedrinhas, opalas e fontes a passar. por onde ir agora? sabes que fui obrigada a imaginar muito antes de respirar, ou de saber quem era...imaginava e salvava assim o corpo do castigo e da saraivada de bocas julgadoras. o amor das mulheres tem de ser mais forte, sei agora, porque fortes são dentro de nós as vozes que lhe dão um nome e o afastam. melhor não lhe dar nome, não o deixar submeter-se à tentação da nomeação. com o nome vem o contorno, a fisionomia dos limites, a dor da educação. então, não nomearás! viverás! num presente redondo como uma bola de cristal. Que espessura terá o vidro? O tempo limpou-o. Continuo como em criança a imaginar um alpendre, uma casa cheia de objectos amados, um mundo enfeitado de amor, sorrio quando penso nisso, não desisti de o encontrar por mais longe que tenha de ir ou ver.

3 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Esse mundo da imaginação, pela qual recriamos as memórias, é também um direito.

Não desisti igualmente de o (re)encontrar :)

Bom fim-de-semana!

via disse...

Ana Paula: não será apenas recriar mas também criar, de novo, para o futuro.
bom fim-de-semana para si também!

lapsus disse...

E é nesse alpendre que me ficam as memórias de vidas passadas, de infâncias em uma simples roda de ferro me levava por mundos e fantasias, em terras distantes. E viam-se filmes depois de se regressar de um safari de seis meses. Memórias.
Paulo Martins