domingo, 18 de janeiro de 2009

Fazer ou não fazer greve.

Poderá uma séria reflexão racional conduzir-nos à verdade ou teremos de, em certos aspectos partir de princípios ou valores sobre os quais não poderemos nunca saber se são de facto superiores a outros ou não? Trata-se de tomar uma atitude perante uma greve. Justifica-se fazer greve? Sim, se ela for para lutar a favor de algo e não apenas contra. Ora esta grave é para lutar contra e não a favor. O processo já se arrasta há muito tempo e não há luz à vista. um braço de ferro que opõe sindicatos a ministério da educação. A verdade é que uma luta implica sempre certos extremismos e que só temos de saber de que lado verdadeiramente estamos, ao sabermos isso, aceitaremos que os fins justificam os meios? Não me identifico ABSOLUTAMENTE com o dogmatismo sindical, com o discurso Leninista de pulso fechado que apela aos medos e ao obscurantismo de no "futuro perderemos aquilo que tanto nos custou", todos sabemos que o futuro não é uma manutenção do passado e que as condições sociais e económicas não são as mesmas de há 20 anos, portanto há uma espécie de anacronismo no discurso sindical que é revolucionário e , ao mesmo tempo, se recusa a analisar as perspectivas do futuro, de uma forma abrangente e sem dogmas políticos. Por outro lado a minha formação "marxista" assenta num princípio simples "a solidariedade", não fazendo greve, tenho a sensação que estou a trair os meus colegas de profissão que a fazem e são prejudicados por isso, alguns perfeitamente honestos nos seus propósitos de reivindicarem um melhor futuro para a classe. Mas o que será um melhor futuro para a classe? Não ser avaliada? Aí estou certa que a resposta correcta é não. Para o futuro da classe, devemos ser avaliados. Mas aqui coloca-se a profunda ambiguidade desta luta, a que os sindicatos estão a liderar é pela suspensão da avaliação sem modelo alternativo, a que os professores acreditam é pela avaliação mas com outro modelo que não o vigente. Vejo problemas neste modelo, mas qual o modelo satisfatório? O governo já simplificou. Agora é o argumento da carreira, a distinção entre titulares e não titulares. Nesse tópico estou claramente de acordo, a distinção é estúpida e infundada. É preciso rever o estatuto da carreira. Poderá esta greve fazer pressão para que isso aconteça? Ou esse assunto já está ultrapassado e o que se coloca como explicação óbvia desta luta para a opinião comum é apenas e só a avaliação? Seja como for não há forma de clarificar racionalmente o propósito da greve, há que confiar em valores, não há outro meio, os que estão na mesa são: Solidariedade versus Coerência do pensamento.

5 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Questões muito complexas, com as quais igualmente me debato para tentar agir com justiça e em sã consciência.

via disse...

Ana Paula: não é fácil, resta saber se é possível uma consciência sã com tanta marulhação.

Ana Paula Sena disse...

Exacto! Eu tento, mas já não me sinto nada sã :(

Lauro António disse...

Gosto do blogue, e admiro esta inquietação que não se deixa acorretar pela manipulação mais rasteira. Pensar é bom, mesmo que as dúvidas subsistam.

via disse...

Ana Paula: nenhum de nós se sente, é impossível...

Lauro António: mas as pressões são imensas...há que resistir, obrigada pela visita.