domingo, 25 de janeiro de 2009


A maior parte das vezes estamos confusos, estar confuso parece parte da nossa condição, num sem número de opiniões postas à solta sem freio ou fundamento, a razão foge. a ilusão de liberdade permanece, mas liberdade não é dizer isto ou aquilo sem consequências para ninguém. atordoar. sim.

refugio-me no que sinto, em geral é esse o núcleo que nas noites de Inverno me abriga das intempéries, não sentir nada, por momentos. se fosse verdadeiramente livre ousaria, riscar os caminhos até te encontrar de novo, e perder a direcção, reinventar a cardialidade e não pedir desculpa por estar completamente errada quanto ao que deveria ser. Acontece nada ter carácter de urgência, tudo ficar relativo com o tempo, o seu lento trucidar alisando o que outrora foi abissal ou apenas irregular e a memória toda cheia de nostalgia é uma péssima cópia. O que nos enobrece foge ao tempo, escapa não sei como, corre, não se repete não. Alturas de se aninhar numa voz doce, deixar o sofrimento, rir alto e esbracejar contra a sombra, ousar ser. sempre. Nada do que fazemos é suficiente, só o que sentimos pode pegar-nos ao colo e fazer-nos andar sobre chamas.
Fotografia de Nana Sousa Dias

4 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Muito bonito, o teu texto.

Só pelo que sentimos vamos realmente mais além... sentir alguma coisa é tão importante que não permite sentir a fingir. É algo da maior autenticidade.

Um beijinho para uma óptima semana :)

via disse...

Ana paula: Pois é, sentir a fingir é como fazer batota!
bjo

Anonyma disse...

Mas, por vezes, sentir esgota-nos até ao limite do tolerável...
Ao limiar da dor, da desilusão...
Às vezes gostava de ser um fingidor...
Seria mais fácil.
Creio.

via disse...

Anonyma: é verdade as emoções e os sentimentos esgotam-nos mas também podem brotar, quem os tem nunca os esgota, são como a fonte.Ai as desilusões, dolorosas absolutamente não há como escamoteá-las, suprimi-las, quem me dera poder fazê-lo e não pensar mais nisso...